7h45. O ônibus pára no terceiro ponto de um bairro da periferia rumo ao centro de Apucarana. Ainda tem alguns lugares vazios. O pessoal que aguardava o coletivo começa e entrar e procurar um lugar para sentar. A massa trabalhadora da periferia se ajeita, falam de seus respectivos trabalhos. Alguns dedicam a juventude a empresas do setor de bonés e confecções, outros a laboratórios, metalúrgicas, comércio, setor de serviços. Neste horário, o ônibus tem mais mulheres, quase 80%. Muitas delas também trabalham como diaristas e empregadas doméstica.
No ponto seguinte, o quarto do itinerário, entram mais umas sete mulheres. No quinto entra uma mulher negra, aproximadamente 40 anos, 160 de altura, 60 quilos e com uma barriga tanto saliente. Com sua mini saia jeans, tamanco branco, blusa azul de alcinha de malha com decote V e uma bolsa pequena customizada com miçangas azuis e brancas. Mais uma trabalhadora que levanta cedo, toma seu banho, o cheiro de aloés ainda esta fresco, e segue para mais uma jornada. O rosto é familiar entre os passageiros, que nem a olham mais com antipatia.
A mulher que falo é uma profissional do sexo. Ela faz este trajeto religiosamente todos os dias. No ônibus não conversa com ninguém. Durante todo o percurso segue calada, com aparência preocupada, cabisbaixa. Desce no terminal, ao lado praticamente do seu trabalho.
Às 18h15, lá está a senhora com aparência de cansada. Agora, além da bolsa customizada, leva uma sacola com pães, leite, tomate, alface e maças. Ela é como as tantas mulheres que lotam os ônibus, neste horário, mas que antes de ir para casa, no fim da tarde, passam no supermercado comprar o café da tarde para os filhos.