Uma questão de fé

Quando a ciência já não responde mais as perguntas e os diagnósticos eliminam as esperanças de um amanhã, crer em algo ou alguém superior às restritas capacidades humanas, às vezes, é a única saída para entender as adversidades da vida. É o meio para acalentar a alma, repor as energias e seguir em frente. Na semana consagrada a Nossa Senhora da Conceição Aparecida, a Padroeira do Brasil, devotos não escondem o prazer de contar as graças recebidas por intermédio da santa, que surgiu das águas turvas do Rio Paraíba do Sul.

A imagem foi encontrada por pescadores. Na rede apareceu primeiro o corpo, depois a cabeça. Era 12 de outubro de 1717 e a figura representava Nossa Senhora da Conceição. Após o achado, a pescaria minguada se tornou farta, abarrotando as redes. Mais de três séculos depois, a devoção pela santa milagrosa ainda se espalha por todos os cantos do Brasil.

Para agradecer as bênçãos recebidas, fiéis caminham quilômetros até o Santuário Nacional de Aparecida, na cidade de Aparecida, interior de São Paulo. Cerca de 20 mil devotos vão até a Sala das Promessas ou ‘Sala dos Milagres’, como é mais conhecida, todos os meses para pagar ou fazer uma promessa, na incessante renovação da fé.

Mas não é preciso ir até lá para ouvir histórias de graças concebidas. Esta semana a reportagem da Revista UAU! conversou com duas famílias que tiveram suas vidas transformadas pela fé em Nossa Senhora Aparecida. Confira!




“Durante as minhas orações, vejo

Nossa Senhora”, afirma empresário



Quatro vezes ao dia, o empresário apucaranense José Gomes, 55 anos, faz uma pausa para fazer suas orações. É na capela de sua casa que ele conversa com Nossa Senhora Aparecida. De joelhos no oratório, pede em favor dos amigos, familiares, conhecidos e até desconhecidos. “Quase todos os dias alguém me liga pedindo uma oração”, diz Zé Gomes, como é mais conhecido.

Todos os dias, às seis da manhã, na hora do almoço, à meia-noite e às três da manhã, ele vai até a capela orar. “Quando olho pela janela, durante as minhas orações, vejo a imagem dela cintilando para mim. Às vezes, estou orando por alguém e peço um sinal e aparecem luzes no céu, como se fosse uma estrela caindo”, descreve.

Em alguns casos, não é preciso nem pedir a oração. “Quando sinto que a pessoa está precisando, o nome dela vem no momento em que estou orando. Então, peço para que Nossa Senhora interceda por ela, que a liberte”, confidencia. Em pouco tempo de conversa, o empresário desfia histórias que, segundo ele, tiveram a intercessão da santa. São inúmeros casos de cura e até de morte. “Muitas vezes a libertação da pessoa não está na saúde, mas na morte”, assinala.

Zé Gomes, mesmo com a rotina agitada, encontra tempo para orar e visitar enfermos nos hospitais ou até em suas casas. Ele também ajudou na construção e reforma de mais de 10 igrejas da cidade, além dos remédios que compra com frequência às pessoas necessitadas. A Câmara Municipal inclusive lhe concedeu o título de Cidadão Honorário por causa de sua generosidade.

Mas isso não é tudo. A ligação de Zé Gomes com Nossa Senhora Aparecida vem de longa data. Desde os 8 anos de idade ele já era devoto, mas foi há 20 que recebeu um dos maiores milagres de sua vida. “A minha filha caçula, Juliane, foi curada de um coágulo no cérebro. Os médicos haviam dito que ela teria sequelas profundas para o resto da vida”, lembra. “Fui até Aparecida e pedi que me enviasse um sinal. Três meses depois fizemos uma nova tomografia e não havia mais nada. Ela estava curada”, afirma.


PROTEÇÃO

Segundo Zé Gomes, nem as convulsões – que eram frequentes - voltaram a acontecer. “Todos os anos vou até o Santuário com toda a família para agradecer a bênção recebida”, diz. Ele e a esposa Claudia, 50 anos, que se converteu ao catolicismo depois da graça alcançada, caminham de Pindamonhangaba (SP) até a Basílica de Aparecida ao lado das filhas, genros e netos. São cerca de 12 quilômetros a pé. “Nossa Senhora também já me protegeu durante um acidente em 2001. O carro em que eu estava bateu de frente com um Passat e seis pessoas morreram. Tive apenas um corte na mão e outro na boca”, recorda.

A biografia de Zé Gomes não impressiona apenas pela fé. Sua trajetória, por si só, impressiona. Hoje quem olha de relance o empresário bem sucedido não imagina que teve uma infância humilde, pois aos 8 anos já trabalhava como engraxate para ajudar a sustentar a família. O menino que conseguiu cursar apenas o primário trabalhou em várias empresas. Apesar de não pedir bens materiais, com sua dedicação e inteligência, chegou a ser gerente de uma agência bancária de Apucarana.

Matéria publicada na Revista UAU! de 09/10/2011 - Jornal Tribuna do Norte de Apucarana

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