Algumas histórias nos impressionam sejam elas reais ou imaginárias. Às vezes, os personagens chegam como um pingo a mais de chuva e com o folhear das páginas eles saltam dos livros para a nossa vida. Ficam horas contando suas estripulias, batalhas, sonhos, beijos roubados e outros guardados na eternidade de um desejo não vivido. Homens, meninos, meninas, mulheres ganham forma física e psíquica com o decodificar das palavras.
Palavras que nos envolve, preenche noites, manhãs, nos faz refletir, agir ... O último livro que li, A Menina que Roubava Livros, Liesel Meminger, uma adolescente que vivia na Alemanha nazista, fala, nas últimas páginas, da relação de amor e ódio com as palavras. Em a última carta a Sra. Hermann, Liesel diz: como a senhora pode ver, estive novamente em sua biblioteca e destruí um de seus livros. - É que eu estava com tanta raiva e tanto medo, que quis matar as palavras. Palavras...
Os livros, mesmo os romances, ajudam a conhecer e entender melhor as pessoas, países, religiões, enfim culturas diferentes. Nas duas obras de khaled Husseini, O caçador de Pipas e A Cidade do Sol, o Afeganistão é mais que refugio de talibãs. Hassan,o menino de lábio leporino, Ali, Amir, Assef constroem um mosaico de ideias, valores, tradições, etnias. São tantos detalhes. E uma pipa rasgando o céu rumo à liberdade, levantando com ela o desejo de um recomeço em terra estrangeira.
Em A Cidade de Sol não tem como não se comover com a luta das mulheres afegãs, uma luta silenciosa, encoberta pela burca. A memória insiste em lembrá-las mesmo depois de meses que o livro foi lido. Mariam, Nana, Laila, Aziza. A presença de Zalmai, Taquiq, Rashid, Jalil também se perpetuam em nós.
Cada livro com sua peculiaridade como Relatos de um Náufrago, Gabriel Garcia Marquez, A Revolução do Bichos, George Orwell, O Grito da Terra; O Grito dos Pobres, Leonardo Boff, A Metamorfose, Kafka, Chico Mendes -Crime e Castigo, Zuenir Ventura, Rota 66, Caco Barcelos, Casa Grande e Senzala, Gilberto Freyre ... Não é viável falar dos poucos que li, apenas quero enfatizar que além de boa companhia, eles têm o dom de nos fazer refletir.
Ah, como são inesquecíveis as palavras. Palavras de Vinícius de Moraes, Chico Buarque, Drummond, Cecília Meireles, Castro Alves, Machado de Assis, Guimarães Rosa, Nelson Rodrigues, Rubem Braga, Fernando Pessoa, Ariano Suassuna ...
Agora estou à espera das palavras da jornalista noruguesa Asne Seierstad que escreveu O Livreiro de Cabul.
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