Dizem que a chuva meteórica de informações que recebemos diariamente faz com que ficamos anestesiados diante da realidade. Isso faz com que não adotando uma postura crítica e não nos sensibilizamos com o sofrimento alheio. Isso até pode ser verdade. Fazia alguns dias que não assistia jornal na tevê, quando liguei e resolvi assistir alguns, antes de começar o jogo entre Brasil e Chile, foi de arrepiar.
Vi Gil Grego Rugai, principal suspeito de assassinar o pai e a madrasta, em Santa Maria (RS) desfrutando da liberdade condicional, quando deveria estar em São Paulo. O pior veio ao ver o pai e a madrasta acusados de matar os filhos dele. Dois meninos, um de 12 e outro de 13, foram mortos asfixiados, queimados e esquartejados. Foi de cortar o coração.
Depois disso, assistir o jogo do Brasil, não tinha mais graça, nem os gols de Luis Fabiano e Robinho me fizeram vibrar. Foi a voz do repórter descrevendo o crime que me fez companhia na hora de dormir, junto com a pergunta: o que está acontecendo nesse mundo de pais e filhos?
A relação entre pais e filhos é árdua. Mas será que a solução está na morte de um deles? Sempre acreditei no diálogo, entretanto, parece uma simples palavra, que não se faz representar em uma ação. Talvez possa ser a ineficiência de vigiar da justiça com a impaciência de ouvir o outro.
As crianças não tiveram a atenção das conselheiras. Não era birra de criança, mas uma ameaça real que se concretizou. Faltou vigilância no caso Gil Rugai. Não conseguimos contabilizar quantos assassinos, maníacos, estelionatários conquistam o direito de esperar o julgamento em liberdade e desaparecem. Tão pouco conseguimos quantificar o número de crianças e adolescentes que são submetidos à violência por causa da fragilidade psicológica, física e financeira.
Interessante que nessa jornada todos em algum momento volta a ser frágeis. Alguns na velhice são cuidados, muito bem cuidados pelos filhos, outros são recebidos em asilos, outros ainda a morte os acolhe antes da velhice . Ela chega com um tiro, uma facada....