Consolo Na Praia

Carlos Drummond de Andrade
Vamos, não chores.
A infância está perdida.
A mocidade está perdida.
Mas a vida não se perdeu.
O primeiro amor passou.
O segundo amor passou.
O terceiro amor passou.
Mas o coração continua.
Perdeste o melhor amigo.
Não tentaste qualquer viagem.
Não possuis carro, navio, terra.
Mas tens um cão.
Algumas palavras duras,
em voz mansa, te golpearam.
Nunca, nunca cicatrizam.
Mas, e o humour?
A injustiça não se resolve.
À sombra do mundo errado
murmuraste um protesto tímido.
Mas virão outros.
Tudo somado, devias
precipitar-te, de vez, nas águas.
Estás nu na areia, no vento...
Dorme, meu filho.

Drummond como sempre fantástico!

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Pequenos gestos geram grandes mudanças

As mudanças são tecidas de pequenos gestos. Hoje, 1º de dezembro, é um dia marcante, não apenas por ser o Dia Mundial de Luta contra a Aids, mas também por Rosa Parks ter iniciado nesta mesma data há 54 anos a luta contra a segregação de brancos e negros no Estados Unidos. Ela se negou a ceder o seu banco no ônibus para um branco. Esta ação gerou grande repercussão. Gerou boicote ao transporte coletivo que priorizava lugares para brancos.
Rosa Parks foi presa por não submeter-se mais às leis de segregação. A sua decisão foi pautada nas reflexões da Associação Nacional pela Promoção das Pessoas de Cor (NAACP, na sigla inglesa), que lutava contra a segregação. Rosa ganhou muitos apoiadores. Milhares de trabalhadores negros passaram a caminhar quilômetros a pé até chegar às fábricas. O gesto de Rosa Parks ficou conhecido por toda Montgomery, no Alabama, o que resultou no envolvimento de toda a comunidade. Um exemplo foi o jovem pastor de Montgomery, Martin Luther King, que incentivou o boicote.
Como podemos perceber as maiores mudanças primeiramente acontecem nas ruas, depois se transformam em leis. As mudanças que precisam ser feitas têm que partir de pequenos gestos como de Rosas Parks, da coragem de dizer não. Para mudar os números da Aids também vamos ter que começar a mudar nosso comportamento, não apenas no quesito preventivo, mas principalmente no quesito afetividade porque a doença mata menos que a solidão em que o portador do vírus acaba submetido pela sociedade.
Rosa morreu em 2005, mas sua lição continua viva. Vamos dizer não com mais frequência as injustiças!

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